48 horas, esse é o tempo que deve durar o dia do estagiário. Por mais que ele se esforce, nunca é o bastante para aquele professor que já está caduco e por causa de uma lei muito idiota não pode se aposentar. Nem tampouco chega perto das horas que seus pais cobram para que estude enquanto gritam reclamações.
Na verdade foi aquele tão sonhado estágio, que te faz aprender mas que te deixa um caco, o principal culpado por você estudar menos. Bomba, esse pode ser o futuro de algumas matérias se você não deixar de dormir aquelas 10 horas por dia que dormia antes de começar a estagiar...
Começam a aparecer as teorias de que o estágio atrapalha não só a vida profissional, como causa transtornos emocionais e até físicos! Já pensou passar horas num estágio explorador, ganhando um mísero salário e tendo pouco tempo para estudar? Claro que você agora pensa em parar de assistir todos os filmes que passam à tarde... Afinal, ainda tem a faculdade á noite, único horário disponível. A partir daí você está a um passo de desenvolver a “Síndrome do Pânico”.
Claro! Como esquecer?! Trabalho em grupo, o terror de qualquer estagiário... Também não é pra menos, você nunca está nas saídas com seus amigos, não tem tempo de ligar e nem visitá-los, e ainda por cima, pede para eles te ajudarem na hora de fazer os trabalhos. Para todo escraviário (mistura de escravo com estagiário) que se preze, tudo deve ser feito só por ele. Adequar o seu horário com os dos demais companheiros é um martírio. No fim, significa transformar as 48 horas do seu dia em 72!
Você pode pensar que um estudante que frequenta uma faculdade cheia de gente interessante não passa o fim de semana só, não é mesmo? Pode até ser. Mas o pior, é que mesmo conhecendo alguém no intervalo entre uma aula e outra (tempo que lhe resta), fica difícil manter um relacionamento. Chegamos na parte em que o “semi-proletário” sofre com problemas físicos, consequência do esforço da dupla jornada (estudante e estagiário).
Transtornos físicos sim! Você consegue imaginar como é trabalhar de segunda à sábado o dia inteiro, estudar e depois disso ainda se arrumar para sair com o namorado? Tudo complica... Então você adere os programas para pessoas cansadas e sem disposição: assistir um filminho! No começo tudo dá certo, vocês estão se conhecendo, tudo é lindo. Mas depois de mil vezes fazendo o mesmo programa... Agora ele te cobra e você implora que seu dia tenha 96 horas. Faz um esforcinho aqui, outro ali e consegue driblar as adversidades. Você finalmente consegue namorar.
Estafada, cansada, deprimida... A essa altura você já está com a “Síndrome”, mas o que importa é que também está apaixonada. Nesse momento bate a vontade enorme de fazer sexo (sabe aquele dos hormônios em ebulição?!), mas cadê tempo e disposição? Olha aí os problemas físicos vindo a tona... Na última vez que tentou ter uma noite mais "caliente", levou a maior bronca do chefe porque ficou dormindo pelos cantos!
Você resolve fazer análise. Percebe que se sair com ele e pedir para dormir um pouco depois, dará tudo certo... Arranjou mais um jeitinho para enganar os problemas. Procura o psiquiatra, que não ajuda, pois acha que você é normal e que seu problema é gostar de achar problemas. Só então você reflete: eu estudo, trabalho, tenho amigos e namorado. Pacote completo! Aí cai a ficha e você percebe que o estágio foi só outra fase da vida e com os esforços que fez, deu pra fazer tudo que queria e nem precisou que seu dia tivesse 48, 72 ou 96 horas.
Obs.: Lembranças do tempo de estudante.